Pré-candidato a prefeito de João Pessoa, Marcelo Queiroga, participou de reunião liderada por Bolsonaro para discutir trama golpista

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O ex-ministro da Saúde e pré-candidato a prefeito de João Pessoa pelo PL, Marcelo Queiroga, estava na reunião realizada em julho de 2022 para discutir como a base bolsonaristas poderia se comportar diante do pleito daquele ano, que acabou com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para Lula da Silva (PT).

Queiroga disse que tudo que foi dito por Bolsonaro na reunião já havia sido verbalizado publicamente.

“Não houve nada nessa reunião que o presidente Bolsonaro não tenha externado publicamente. Mesmo antes de ser eleito presidente da República ele defendeu o aprimoramento do processo eleitoral. Em outras oportunidades outros políticos, inclusive da esquerda, também defenderam aprimoramento do sistema”, disse o ex-ministro.

O vídeo da reunião foi divulgado pela jornalista Bela Megale, do Jornal O Globo. O conteúdo midiático foi usado como base e provas para a operação deflagrada ontem pela Polícia Federal (PF) contra a cúpula bolsonarista que discutiu a possibilidade de golpe no Brasil antes mesmo do resultado das eleições presidenciais.

O que disse Bolsonaro na reunião 

Em uma reunião com os seus então ministros, o ex-presidente Jair Bolsonaro fala da intenção de um golpe de Estado, questiona o Supremo Tribunal Federal e a legalidade das urnas eletrônicas. A Polícia Federal apreendeu vídeo que mostra a reunião, ocorrida no dia 5 de julho de 2022, quando ele já previa que seria derrotado na eleição.

“Alguém tem dúvida do que vai acontecer no dia 2 de outubro? Qual resultado que vai estar às 22h na televisão? Alguém tem dúvida disso? Aí a gente vai ter que entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federal… Vai pra puta que o pariu, porra. Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe… Ninguém quer botar a tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo… Nós estamos vendo o que está acontecendo. Vamos esperar o quê?”, diz Bolsonaro.

O ex-presidente não poupou críticas ao STF e disse que estavam preparando tudo para Lula vencer ainda no primeiro turno da eleição.

“O nosso Supremo aqui é um poder à parte. É um super-supremo, ele decide tudo. Muitas vezes fora das quatro linhas. Não dá para gente ganhar o jogo com o pessoal atirando tijolo da arquibancada em cima dos jogadores nossos, com juízes que toda hora dá impedimento… É difícil a gente ganhar o jogo assim”, disse.

No encontro, o então presidente cobrou aos presentes que usassem os cargos para disseminar informações falsas sobre supostas fraudes nas eleições. Um vídeo com a gravação da reunião foi encontrado em um dos computadores do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar ele vai vir falar para mim porque que ele não quer falar”, disse Bolsonaro, conforme transcrição feita pela PF,

No mesmo encontro, o general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), defendeu que era preciso agir antes das eleições presidenciais de outubro daquele ano para garantir a permanência de Bolsonaro no comando do país. E usou uma referência esportiva – o assistente de vídeo, recurso usado para corrigir erros de arbitragem no campo de jogo – para afirmar que uma vez realizada, a eleição não poderia ser contestada.

“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, afirmou.

Heleno chegou a propor que servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fossem infiltrados em campanhas eleitorais. Bolsonaro interrompeu a fala do general e orientou que conversassem sobre o tema posteriormente, em particular.

A partir dessa reunião, a PF aponta que foi realizada uma sequência de eventos para o planejamento do golpe, a partir de mensagens extraídas de celulares de Mauro Cid e nas quais o ajudante de ordens assume a tarefa de coordenação na disseminação de ataques à Justiça Eleitoral.

“A descrição da reunião de 5 de julho de 2022, nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições e a Justiça eleitoral”, descreve a PF.

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